
João Custódio de Miranda e Amélia Júlia
João Custódio de Miranda, casado com Amélia Júlia da Conceição.
Amélia Júlia faleceu em 1927, filha de Francisco Antunes de Moura e Amélia Lucinda da Mota.
Amélia Lucinda da Mota nasceu em 31/10/1863 e faleceu em 1945, filha de Joaquim Moreira da Mota e Maria Custódia de Magalhães.
Maria Custódia de Magalhães nasceu em 30/07/1847 e faleceu em 12/03/1902, filha de José Pedro de Magalhães e Lucinda Cândida de Brito (família Vieira Homem e família Mendonça Coelho).
José Pedro de Magalhães nasceu em 1820, filho de Pedro de Alcântara Magalhães e Francisca de Oliveira Machado (família de Frutuoso Machado Tavares e Silva).
Pedro era irmão de Claudina Moreira de Magalhães, mãe de Francisco Antônio Bueno.
Irmã de Amélia Júlia, Lucinda de Moura se casou com João Gonçalves de Araújo. Lucinda nasceu em 30/07/1884 em Muzambinho e faleceu em 1952. Filha de João e Lucinda: Ester, mãe de Marisa, casada com João Roberto Miranda.
Filhos de João e Amélia: Maria, Anísio (02/02/1897-14/08/1974), Idalízio, Antônio (16/08/1905-21/05/1955), José e Lázaro.
UM ANTIGO HABITANTE DA REGIÃO DE CABO VERDE (MINAS GERAIS): FRUTUOSO MACHADO TAVARES E SILVA
Aos 12-ABR-1776, Frutuoso Machado Tavares e Silva já se encontrava na Freguesia ou Distrito do Arraial de Cabo Verde, Bispado de São Paulo, segundo se depreende dum requerimento de justificação do seu batismo, arquivado na Cúria Metropolitana de São Paulo, no qual serviram de testemunhas o Guarda Mor Francisco José Machado, irmão legítimo do justificante, e Manuel Marques de Miranda. Declarou nesse documento que foi batizado em Santo Amaro em ...-JUL-1736.
Cabo Verde pertencia, na época, ao Bispado de São Paulo e, atualmente, localiza-se no Estado de Minas Gerais.
Francisco José Machado ou Francisco José Machado de Vasconcelos obteve carta de sesmaria de uma légua de terras em quadro no caminho novo que ia para o Rio de Janeiro, Distrito da Vila de Guaratinguetá. Em 4-OUT-1771, então tenente, foi nomeado guarda mor de um dos descobertos de Jaguari e Rio Pardo. Foi escrivão da Intendência e Conferência da Casa de Fundição da Comarca de São Paulo. Esteve no Desemboque, tendo assinado o auto de posse de São Pedro de Alcântara e Almas (ver “Memória da Cidade de Caconde”, do historiador Adriano Campanhole, página 82, nota 32).
Frutuoso Machado Tavares e Silva era filho do Capitão José Tavares da Silva com Francisca Machado de Vasconcelos e sua ascendência foi tratada não só pelo linhagista Luiz Gonzaga da Silva Leme, na obra “Genealogia Paulistana”, mas também pelo historiador Carlos da Silveira, nas “Notas sobre uns Cunhas do São Paulo Seiscentista” e pelo genealogista Helvécio de Vasconcelos Castro Coelho, no “Título "Fagundes" da Ilha Terceira”. Ele era irmão do Padre Agostinho Machado Fagundes e Silva, que já se encontrava em Cabo Verde desde 1762.
Custódia de Araújo Paes era filha do Capitão Lourenço Castanho de Araújo com sua segunda mulher Maria de Almeida de Siqueira. Não foi localizado o assento de seu casamento com Frutuoso Machado Tavares e Silva, mas sua filiação pode ser comprovada pelo batismo do seu filho Joaquim Machado de Araújo Paes.
As migrações, no passado, em regra, eram feitas por grandes grupos familiares. Dificilmente alguém se locomovia para uma região longínqua isoladamente ou apenas com mulher e filhos. Na segunda metade do século XVIII, foi registrada, no descoberto do Rio Pardo, a presença dos irmãos Salvador Martins Leme (ou, apenas, Salvador Martins), Ana Xavier de Arruda (ou Ana Xavier de Almeida) e Custódia de Araújo Paes, inclusive com os respectivos cônjuges.
Os irmãos Salvador Martins (Leme) e Ana Xavier (de Arruda) aparecem, pela primeira vez, no censo do Bom Sucesso do Rio Pardo, em 1778, ambos ainda solteiros, respectivamente com 38 e 26 anos de idade. No ano seguinte, residindo junto com eles, figuram no recenseamento, além do cunhado Frutuoso Machado (Tavares e Silva), os sobrinhos José, Lourenço, Frutuoso e Francisco.
Em 1782, Frutuoso Machado Tavares e Silva bem como sua mulher Custódia de Araújo Paes, são mencionados no censo, juntamente com os filhos: José, Lourenço, Frutuoso, Francisco, João, Ana e Joaquim.
Em 1787, Custódia de Araújo Paes figura no censo da Freguesia do Bom Sucesso do Rio Pardo no estado de viúva e, no ano de 1795, aparece com todos os filhos, ainda solteiros.
No censo do Bom Sucesso do Rio Pardo de 1782, Ana Xavier de Arruda está casada com Antônio Bueno de Azeredo e no de 1792 ela já era falecida. Seu irmão, Salvador Martins Leme, não é mencionado no recenseamento de 1782, mas reaparece no de 1792 com a mulher Tomásia da Rocha (de Camargo) e 4 escravos.
O casal Frutuoso Machado Tavares e Silva e Custódia de Araújo Paes deixou a descendência adiante descrita, que se entrelaçou com os Mendonças Coelhos, estabelecidos na Vila de São José do Rio das Mortes (atual Tiradentes), e com as famílias Magalhães, Vieira Homem e Paoliello, estas de São José da Boa Vista (atual Muzambinho), cujas genealogias também são tratadas neste trabalho.
1-1- FRUTUOSO MACHADO TAVARES E SILVA, natural da Freguesia de Santo Amaro, São Paulo, onde foi batizado em ...- JUL-1736, pelo Cônego Antônio Muniz Barreto, tendo como padrinhos o Cônego Manuel de Pinho Cândido, por procuração que apresentou o Capitão Bartolomeu Paes de Abreu, e sua tia Mariana de Vasconcelos, segundo consta da justificação de batismo que requereu, arquivada na Cúria Metropolitana de São Paulo. Já era falecido em 1787.
Casou em São Paulo com CUSTÓDIA DE ARAÚJO PAES, nascida na Freguesia de Juqueri, por volta de 1738.
Eles foram moradores em Guaratinguetá. Frutuoso Machado Tavares e Silva vem mencionado, juntamente com outros moradores do descoberto do Rio Pardo, numa carta de 22-AGO-1772 enviada ao Guarda Mor Francisco Machado de Vasconcelos. No ano de 1775, Custódia de Araújo Paes residia na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Bom Suceso do Rio Pardo (atual Caconde).
Deixaram a seguinte descendência:
2-6- ANA CUSTÓDIA DE ARAÚJO, natural de Cabo Verde, onde foi batizada aos 29-JUL-1777. Casou-se, primeiro, com ANASTÁCIO JOSÉ DE OLIVEIRA, nascido em Cotia, filho de Rodrigo Fagundes Varela, natural do Rio de Janeiro, e de Ana Francisca de Oliveira, nascida em Cotia. Pela segunda vez, foi casada com FRANCISCO JOSÉ FERRAZ. Teve geração de ambos.
Rodrigo Fagundes Varela era filho de Sebastião Fagundes e Clara dos Anjos.
Anastácio José de Oliveira casou-se, pela primeira vez, com Cecília Francisca Rodrigues. Foi um dos povoadores do alto Rio Pardo, no Planalto da Pedra Branca. Teve fazenda na serra que margeia o Rio Cervo, em Santana, próxima a povoação de São José do Congonhal. “Quando fazia a casa nova da fazenda, montou, com uma espingarda, armadilha para a onça que lhe vinha depredando o rebanho. Certa noite o felino puxou a isca ligada ao gatilho e a arma detonou. Anastácio, afoito, armado de faca, correu à armadilha. De fato, a onça fora alcançada porém nas pernas apenas. „A fera que era grande‟ com surpresa do fazendeiro estava viva. Sendo atacado e mordido, com o couro cabeludo dilacerado e transfixado, não obstante, na luta, matou à faca o felino. Gravemente machucado, mandou chamar um „curador de Caldas‟ que lhe prescreveu salmoura no ferimento. A terapêutica, acarretando dor violenta, não conseguiu debelar a infeção e ele morreu dias depois”.
O óbito de Anastácio José de Oliveira foi registrado em Santana do Sapucaí, pelo Vigário Antônio Lopes Chaves, aos 10-FEV-1813, época em que contava 50 anos de idade. Faleceu sem receber os sacramentos e foi sepultado no corpo da igreja.
No inventário dos bens deixados por Ana Custódia de Araújo, processado em Caldas e autuado a 4-MAR-1845, verifica-se que faleceu no dia 9-SET-1844. O inventariante foi seu segundo marido Francisco José Ferraz. O monte mor foi avaliado em 29:273$024.
Deste inventário constam terras da fazenda onde moravam, denominada “O Machado”, situada no Termo da Vila de Caldas Minas, Comarca do Rio Sapucaí, avaliadas por 4:672$000, com morada de casas, por 120$000; sítio que houve por compra da viúva e herdeiros do finado João da Costa, de José Francisco de Oliveira e de Maria Bárbara, viúva de Antônio José de Oliveira, avaliado por 400$000; uma casa de morada no valor de 200$000, no Município de Pouso Alegre; parte nas fazendas São Domingos e São Pedro, ambas em Pouso Alegre, por 360$000; mais terras compradas na mesma Fazenda São Pedro, em sociedade com os herdeiros de José Moreira da Mota, avaliadas por 1:000$000.
Pertenciam, ainda, à finada Ana Custódia de Araújo: 42 alqueires da Fazenda da Conceição, situada na Freguesia de Caconde, que, ao todo, media 420 alqueires, sendo 40 alqueires de “cultura boa”, avaliados por 400$000, e 2 alqueires de “terras inferiores”, avaliados por 8$000. Na Freguesia de Cabo Verde tinha os seguintes bens: uma parte de 318 alqueires e ¾, da Fazenda do Muzambo que, no total, tinha 2550 alqueires, sendo 212 alqueires e ¾, de “cultura boa”, avaliados por 2:127$500, e 106 alqueires de “inferiores”, por 424$000; uma quarta parte em 400 alqueires à beira do Muzambo, sendo 67 alqueires de “cul- tura boa”, avaliados em 670$000, e 33 alqueires de “terras inferiores”, por 132$000; uma quarta parte em 150 alqueires, localizados “Da Cachoeira para sima a vertente da Lavra”, avaliada em 303$000; décima parte de 1200 alqueires da Fazenda do Engenho, avaliada em 1:080$000; e 5 datas em terras minerais da Lavra, na paragem deno- minada “Caxoeira”, por 80$000.
Foram arrolados, também, “Trinta e sete oitavas e quarto de oiro em hum Rozario, hum Cordam, hum Ca ixilho, e duas (ilegível), avaliados a quatro mil reis a oitava”; “trinta e duas oitavas de prata Velha a duzentos a oitava”; “taixos”, “Enxadas”, machados, argolas, ganchos, “Tezoura”, chaleiras, chocolateira, “bandejas”, “Ferro de Engomar”, balança e outros artefatos em ferro, cobre e estanho. “Trastes de Louça, Roupas e mais Trastes de caza”, como: 6 copos de cristal, avaliados em 4$800; “Dous ditos inferiores”, a $800; 8 “Calis de Vidro”, por $280; “Toda a Louça da Serventia”, por 15$580; 2 “farinheiros” a $500 cada; 22 garrafas, por 1$760; “Hum Thear com Seos Aparelhos”, a 6$000; “Huma meza”, por 2$400; “Hum par de Canastras com Faixas aloiradas”, por 8$000; par de caixas, a 4$500; 12 lenços usados, avaliados em 3$840; “Tres ditos de seda uzados”, a 3$840; mais 3 lenços a 6$000; “Hum Chalis fino de Lam”, por 2$000; “Quatro paris de Mejas”, por 1$280; “Huma Cama aparelhada com cobertor”, por 10$000; “Uma colxa de gazimira”, por 3$000; uma toalha de mesa, bordada, avaliada em 5$000, 6 meias de (seda ?), por 18$000. Entre os an imais havia: 35 vacas “paridas”, avaliadas em 100$000; 42 vacas “falhadas”, por 672$000; 20 novilhas de 2 anos, por 240$000; 20 novilhas de 3 anos, por 280$000; 30 garrotes de 2 anos, avaliados por 360$000; 14 bois de 3 anos, por 196$000; 11 bois carreiros, a 220$000; 19 bezerros de 1 ano, a 8$000 cada um; 1 cavalo baio, por 14$000; 11 éguas, sendo 1 com filho e 2 com cria de burro; 7 potros; 4 bestas; 9 burros; 1 jumento, por 150$000; 2 jumentas, sendo 1 “parida”, por 50$000, e outra por 25$000; 30 “Porcos de Terreiro”, a 1$500 cada um. Constata-se, ainda, “huma Rossa de Milho de dous alqueires”, avaliada em 24$000; 14 escravos, avaliados em 5:615$000; além de dívidas ativas e passivas.
Ana Custódia de Araújo e seu primeiro marido Anastácio José de Oliveira tiveram:
3-1- FRANCISCA DE OLIVEIRA MACHADO nasceu no dia 18-FEV-1798, foi batizada em Cabo Verde, aos 27-FEV-1798, sendo seus padrinhos: José Joaquim Machado, solteiro, e sua avó Custódia de Araújo. Desse assento de batismo constam os nomes e as naturalidades de seus quatro avós. Foi casada com PEDRO DE ALCÂNTARA MAGALHÃES, fundador de Muzambinho, filho do Guarda Mor José Joaquim Nogueira de Magalhães e Ana Moreira de Carvalho, com descendência .
FAMÍLIA MENDONÇA COELHO
Na primeira metade do século XVIII esta família já estava estabelecida em São José do Rio das Mortes, atual Tiradentes, Minas Gerais. Originou-se da união entre o Capitão Amaro de Mendonça Coelho e Maria da Assunção.
Muitos de seus membros foram casados com descendentes de Frutuoso Machado Tavares e Silva. Outros contraíram núpcias na família Moreira de Carvalho e Ribeiro do Vale.
1-1- CAPITÃO AMARO DE MENDONÇA COELHO, natural da Freguesia da Ajuda, Ilha do Faial, nos Açores, Bispado de Angra, casou-se com MARIA DA ASSUNÇÃO, nascida na Freguesia de Magé, Bispado do Rio de Janeiro, e tiveram a seguinte descendência:
2-1- TEODORA MARIA DE MENDONÇA ou TEODORA MARIA DE JESUS, natural de Santo Antônio da Vila de São José, Comarca do Rio das Mortes (atual Tiradentes, Minas Gerais), onde foi batizada, na matriz, aos 23-MAI-1718. Padrinhos: Silvestre Marques da Cunha e Úrsula da Assunção.
No dia 10-NOV-1738, na Capela de Nossa Senhora do Pilar, filial da Matriz de Santo Antônio da Vila de São José, casou-se com o GUARDA MOR FRANCISCO MOREIRA DE CARVALHO, viúvo de Maria Caetana, nascido na Freguesia dos Santos Reis do Campo Grande, Patriarcado de Lisboa, Portugal, filho de Luís Fernandes de Carvalho, já falecido, e de Catarina de Sene, ambos naturais da Freguesia dos Santos Reis do Campo Grande, Patriarcado de Lisboa. As testemunhas do ato nupcial foram o Sargento Mor Luís Fernandes de Carvalho; Antônio Moreira de Carvalho; Francisca de Mendonça, mulher de Bernardo Gonçalves Chaves, e Úrsula da Assunção, mulher de ... Dias, todos moradores da freguesia da Vila de São José.
Francisco Moreira de Carvalho viveu de mineirar até a sua morte. Tiveram a seguinte descendência:
3-6- TERESA MOREIRA DE CARVALHO ou TERESA MOREIRA DE JESUS ou, ainda, TERESA MARIA DE CARVALHO, batizada em 11-ABR-1751, na Capela de Nossa Senhora da Conceição, cujo assento foi efetuado no livro de Nossa Senhora do Pilar de São João Del Rei. Seu padrinho foi Antônio Muniz de Medeiros, solteiro. Faleceu no dia 7-AGO-1817, no Bairro de São Bartolomeu, em Cabo Verde, e foi sepultada na matriz. Casou-se com o CAPITÃO ANTÔNIO SOARES COELHO, natural do Arraial da Onça, Vila de Pitangui, Bispado de Mariana, era filho de Cipriano Coelho de Sousa e Maria Josefa da Cunha, neto paterno de João Ferreira e Maria de Sousa e neto materno de José Luís da Cunha com Joana Vieira Cabral. Este casamento, testemunhado por João Coelho e Manuel Batista Pereira, foi realizado no dia 29-MAI-1775, na Barra do Sapucaí, Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Jacuí.
Cipriano Coelho de Sousa vem mencionado entre os “Povoadores do vale do rio Machado”, estando “Em 1790, já fixado no ribeirão do Machadinho, em terras que se delimitavam pelo poente com as de Bernardo José Simões, o velho”, segundo consta da obra póstuma de Reynaldo de Oliveira Pimenta, sobre “O Povoamento do Planalto da Pedra Branca. Caldas e região”, página 23.
Faleceu no dia 22-MAI-1786, na Freguesia de Jacuí, aos 80 anos de idade, com testamento. Foi sepultado na cova da fábrica, dentro da matriz. Era natural e batizado na Freguesia de São Tiago de Modelos, Concelho de Penafiel, Bispado do Porto, filho de João Ferreira e Maria de Sousa. Casou-se em 17-OUT-1740, na Capela de Nossa Senhora da Conceição da Onça, Nossa Senhora do Pilar da Vila de Pitangui, com Maria Josefa da Cunha, filha de José Luís da Cunha e Joana Vieira Cabral. Testemunharam o ato nupcial: Capitão Fernando Nogueira Soares e Antônio Francisco.
Segundo consta do processo de “genere et moribus” do Padre Francisco Moreira de Carvalho, sua avó paterna, Maria Josefa da Cunha, foi batizada em casa, por perigo de vida, pelo andante Manuel Ferreira, no caminho das minas, a 4-ABR-1723. O batismo foi registrado na Igreja de Nossa Senhora da Piedade (atual Lorena), pelo Frei Carlos da Conceição. Do seu assento de óbito em Jacuí, a 1-JAN-1793, verifica-se que não deixou testamento. Foi sepultada dentro da Matriz de Jacuí, ao pé das grades, na cova da fábrica.
Antônio Soares Coelho foi batizado aos 27-JAN-1744, na Capela de Nossa Senhora da Conceição da Onça da Vila de Pitangui e teve como padrinho José Luís da Cunha.
O Capitão Antônio Soares Coelho e Teresa Maria de Carvalho eram senhores de uma sorte de terras minerais e de cultura na margem do Ribeirão da Conquista. Em sociedade com João Coelho de Sousa e sua mulher Josefa Maria de Carvalho, eram proprietários de terras que se limitavam ao nascente com o Ribeirão de Santa Quitéria, ao poente com o Bom Jesus, onde morou Matias de Carvalho, ao norte pelo Rio da Conquista, abaixo partindo com terras que foram do falecido Dr. Vicente Ferraz Alvares de Eborence e ao sul com a Serra do Botorunosu, conforme se depreende do processo de habilitação de “genere et moribus” de seu filho, Padre Francisco Moreira de Carvalho.
Tiveram a seguinte descendência:
4-1- ANA MOREIRA DE CARVALHO faleceu aos 31-JUN-1858, com solene testamento. Seu inventário foi autuado a 8-JUL-1858, em Cabo Verde, e dele constam, entre outros bens, terras da fazenda denominada da Ponte, avaliada em 2:165$000, com terreiro, casas, engenho, moinho e mais benfeitorias, avaliadas em 405$000; parte em umas casas no arraial, por 167$000; e 4 escravos, avaliados em 6:600$000. Foi casada, em primeiras núpcias, com o GUARDA MOR JOSÉ JOAQUIM NOGUEIRA DE MAGALHÃES, constituindo o tronco da FAMÍLIA MAGALHÃES, cuja genealogia é adiante tratada. Pela segunda vez, casou-se com o ALFERES JOÃO ANTÔNIO MACHADO, com quem teve a geração descrita no nº. 2-5, da descendência do Capitão Frutuoso Machado Tavares e Silva.
2-2- (provavelmente) FRANCISCA MARIA DE MENDONÇA nasceu e foi batizada na Vila de São José (Tiradentes), conforme se depreende do assento de batismo de seu neto Boaventura. Foi casada com BERNARDO GONÇALVES CHAVES e tiveram a seguinte descendência:
Cabe esclarecer que Francisca Maria de Mendonça era, provavelmente, filha do Capitão Amaro de Mendonça Coelho com Maria da Assunção, pois aparece como testemunha no casamento de Teodora Maria de Mendonça, que seria sua irmã, e também como madrinha de batismo do Padre Manuel Moreira Prudente, que seria seu sobrinho. Contudo, sua filiação, não pode ser provada pelo registro de batismo ou de casamento. De sua união com Bernardo Gonçalves Chaves houve descendentes que deram origem à família Gonçalves de Brito.
3-3- CAPITÃO AMARO GONÇALVES CHAVES DE MENDONÇA foi batizado em 5-FEV-1747, em Serranos (Aiuruoca), tendo casado no dia 26-AGO-1772, na Capela do Espírito Santo (Carrancas), com LUÍSA TERESA DE BRITO, filha de Antônio de Brito Peixoto e de Maria de Moraes Ribeiro, neta paterna de Inácio de Andrade Peixoto com Clara de Brito e neta materna de André do Vale Ribeiro e Teresa de Moraes.
Pais de:
4-2- ALFERES ANTÔNIO AMARO GONÇALVES DE BRITO ou ANTÔNIO JOSÉ DE BRITO, batizado em ...-OUT-1774, na Ermida do Livramento (Aiuruoca), casou-se no dia 19-JUN-1797, em Santana do Sapucaí (atual Silvianópolis), com ISABEL INÁCIA DE JESUS, filha do Alferes Tomé Martins Ribeiro, natural do Reino, e de Maria Inácia de Jesus ou Maria Inácia de Lima, natural da Campanha, neta paterna de Antônio Martins da Costa e Maria Pinta, neta materna de José Antônio Rolim de Moura ou José Antunes de Moura, natural do Arraial de Piranga, com Maria Barbosa de Lima, natural de São Paulo.
Faleceu, com testamento, e seu inventário foi processado em Campanha, iniciado em 1849, donde consta que era proprietário da Fazenda Fortaleza, no Distrito da Mutuca (atual Elói Mendes). Legou a cada um de seus filhos a quantia de 1:761$334
Foram pais de:
5-1- JOÃO GONÇALVES DE BRITO faleceu a 14-JAN-1843, sem testamento, sendo inventariado em Cabo Verde, cujo processo foi iniciado a 3-DEZ-1844. Destes autos consta parte da Fazenda do Muzambinho, no valor de 31$000, bem como 8 escravos, avaliados em 3:020$000. Por já ser falecido na época do inventário de sua mãe, seus filhos receberam terras das fazendas da Fortaleza, da Barra e da Cachoeira de Santo Antônio. Foi casado com MARIA LUÍSA DO CARMO ou MARIA LUÍSA VIEIRA, filha de João Vieira Homem e Maria Benedita Engrácia, com quem teve a descendência descrita em nº. 2-3 da FAMÍLIA VIEIRA HOMEM, adiante.
FAMÍLIA MAGALHÃES
Muitos de seus membros participaram da fundação e formação do povoado de São José da Boa Vista, que deu origem a Muzambinho, em Minas Gerais.
“A família Magalhães era quasi toda agricultora. Criada na escola do trabalho, acostumada a um labor quotidiano e esfalfante, que é o amanho da terra, labuta que demanda nervos rijos à disposição de muito carinho administrativo, os segredos agrícolas nunca constituiram para ela obstaculos invencíveis. Além do que possuia fazenda de criação”.
No Brasil, o tronco dessa família foi o Guarda Mor José Joaquim Nogueira de Magalhães e sua mulher Ana Moreira de Carvalho, cuja descendência é adiante transcrita.
1-1- GUARDA MOR JOSÉ JOAQUIM NOGUEIRA DE MAGALHÃES, português, natural da Freguesia de Santo André de Vila Boa de Quires, Comarca de Penafiel, Bispado do Porto, Portugal, era filho de João Nogueira de Magalhães e de Rosa Maria Luísa, neto paterno de Manuel Nogueira de Magalhães com Engrácia Ribeira, todos naturais da mesma localidade, e neto materno de Manuel Ribeiro, português, da Freguesia da Buela, e de Ana Teixeira, da Freguesia de Quires. Casou-se com ANA MOREIRA DE CARVALHO (ver nº. 4-1, de 3-6, de 2-1, da FAMÍLIA MENDONÇA COELHO, retro), no dia 29-NOV-1797, na fazenda de seu sogro Antônio Soares Coelho, em Jacuí. Tiveram a seguinte descendência:
2-1- PEDRO DE ALCÂNTARA MAGALHÃES faleceu de “defluxo asmatico”, aos 78 anos de idade, no dia 18-FEV-1877, em Muzambinho. Seu corpo, envolto em hábito preto, encomendado pelo Vigário Antônio Camilo Esau dos Santos, veio a ser enterrado dentro da matriz da referida freguesia. Figura, em 1831, no censo de Cabo Verde, com 7 escravos. Foi casado com FRANCISCA DE OLIVEIRA MACHADO, filha de Anastácio José de Oliveira e Ana Custódia de Araújo (nº. 3-1, de 2-6, da descendência do Capitão Frutuoso Machado Tavares e Silva).
Em 1857, Pedro de Alcântara Magalhães ergueu uma capela no povoado de São José da Boa Vista, que deu origem a atual Muzambinho, do qual participou da fundação em 1852 e onde exerceu o cargo de delegado.
O casal foi proprietário de metade das terras na sociedade da Fazenda São Pedro, parte da Fazenda do Muzambo e terras minerais na paragem denominada Cachoeira, havidas por falecimento de Ana Custódia de Araújo, mãe de Francisca de Oliveira Machado.
Num processo de divisão de bens existente em Cabo Verde, iniciado em 19-OUT-1869, requerido por Pedro de Alcântara Magalhães e sua mulher Francisca de Oliveira Machado, que desejavam favorecer os filhos, constata-se que possuíam uma fazenda denominada Campestre, situada no Ribeirão do Muzambinho, na Freguesia de São José da Boa Vista, Termo da Vila de Cabo Verde, Comarca do Rio Grande, Província de Minas Gerais, com moinho avaliado em 100$000, mais morada de casas, paiol, rego d’água, monjolo, arvoredos, pastos cercas, valos, avaliados por 900$000; uma parte de terras na Fazenda da Conceição, que receberam de seu sogro e pai Anastácio José de Oliveira, avaliada em 120$000; a metade da Fazenda do Muzambinho, em sociedade com os Alves, no valor de 500$000; sete alqueires e meio de terras anexas ao patrimônio de São José da Boa Vista, com valos em número de 128 braças, por 269$920; uma fazenda contendo as águas do Muzambinho e Ribeirão do Belém, no valor de 21:229$000; e parte de uma casa na Freguesia de São José da Boa Vista, por 160$000; e uma parte de casa na mesma localidade, doada a Francisco Teodoro Soares, por 350$000. Foram declarados, ainda, nos referidos autos, bens móveis em prata, cobre e ferro; semoventes e 8 escravos.
O inventário dos bens deixados por Pedro de Alcântara Magalhães foi autuado a 8-OUT-1877, na Vila de Cabo Verde, Comarca de Jacuí, Província de Minas Gerais, onde foi processado. A inventariante foi a viúva Francisca de Oliveira Machado. As terras da Fazenda Campestre foram avaliadas por 3:085$000, com casa de morada no valor de 250$000, moinho por 50$000, paiol e monjolo em 250$000. Foram inventariadas, ainda, terras na Lage no valor de 400$000 e terras nos Alves por 410$000, além de casa no arraial por 350$000 e terreno anexo, com 105 palmos de frente, por 105$000.
Tiveram a seguinte descendência:
3-3- JOSÉ PEDRO DE MAGALHÃES, que foi casado, pela primeira vez, com LUCINDA CÂNDIDA DE BRITO, filha de João Gonçalves de Brito e Maria Luísa do Carmo (nº. 3-1, de 2-3, da FAMÍLIA VIEIRA HOMEM). Pela segunda vez, casou-se com MARIANA HONÓRIA DO SACRAMENTO (nº. 3-4, de 2-4, adiante). Ele faleceu em Muzambinho, no dia 8-SET-1882, aos 61 anos, viúvo da segunda mulher.
Da primeira mulher teve:
4-2- MARIA CUSTÓDIA DE MAGALHÃES, nascida no dia 30-JUL-1847, casou-se em Muzambinho, aos 21-NOV-1861, com JOAQUIM MOREIRA DA MOTA, filho de Antônio Joaquim Moreira e de Antônia Joaquina, sendo testemunhas: Pedro de Alcântara Magalhães, Francisca de Oliveira Machado, José Joaquim Barbosa e Maria Luísa do Carmo.
Maria Custódia de Magalhães veio a falecer, em Muzambinho, no dia 12-MAR-1902, aos 55 anos de idade, época em que estava casada com ANTÔNIO BERNARDINO FERREIRA. Deixou uma filha do primeiro consórcio:
5-1- AMÉLIA LUCINDA DA MOTA nasceu no dia 31-OUT-1863, em Muzambinho, onde foi batizada em 10-NOV-1863, tendo como padrinhos: José Pedro de Magalhães e Mariana Honória do Sacramento. Casou-se com FRANCISCO ANTUNES DE MOURA. Foram pais de, entre outros:
6-1- AMÉRICO BRASILIENSE ANTUNES DE MOURA ou, apenas, AMÉRICO DE MOURA, advogado, filólogo, historiador e genealogista, nascido em Santa Bárbara do Oeste a 7-JUN1881 e falecido em São Paulo no dia 20-JUL-1953. Bacharel em direito pela faculdade do Largo de São Francisco, foi professor de português na Escola Normal da Praça da República (“Caetano de Campos”) e no Ginásio de Campinas e, em São Paulo, na Escola Normal e no Colégio Universitário, bem como na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Academia Paulista de Letras e da Sociedade Paulista de Escritores. Foi, também, colaborador do jornal “O Estado de São Paulo”. Era casado com sua prima LÍDIA DE ALMEIDA MOURA, com quem teve descendentes.
FAMÍLIA VIEIRA HOMEM
Os Vieiras Homens, cuja genealogia é abaixo tratada, também participaram da formação do povoado de São José da Boa Vista, atual Muzambinho. O patrimônio do local foi doado por quatro pessoas, entre elas: Maria Benedita Vieira e João Vieira Homem, cujo “fanatismo por São José ia ao ponto de sempre afirmar que havia de ser enterrado alí. Impulsionado por êsse desejo, mandou cercar um pedaço de terra - o seu cemitério. Alí deveria ser sepultado, e o foi”.
1-1- JOÃO VIEIRA HOMEM, principal doador do patrimônio para a edificação de São José da Boa Vista (atual Muzambinho), fundada em 1852, casou-se com MARIA BENEDITA ENGRÁCIA, nascida e batizada em Santa Cruz de Goiases, filha de Domingos Gonçalves Pereira e Mariana Freire da Conceição.
Os autos de inventário dos bens deixados por falecimento de João Vieira Homem foram processados na Freguesia de Cabo Verde, Vila de Caldas, Comarca do Sapucaí, tendo sido autuados em 11-JUL-1854, na Fazenda São Domingos, em casa do finado. Foram arrolados muitos bens, entre eles: 37 escravos, avaliados em 22:225$000; uma fazenda em São Francisco, avaliada por 2:000$000; a Fazenda São Domingos, dividida em 44 lotes, com 1860 alqueires ao todo, pelo valor total de 16:846$000; “Cazas de morada mais benfeitorias”, por 350$000; “Huma morada de cazas no Arraial de Cabo Verde”, no valor de 200$000; 18 carros de milho, avaliados em 144$000, 41 alqueires de feijão, por 65$600; esporas de prata, com 58 oitavas, por 13$920; objetos de cobre e ferro; além de grande número de animais, como vacas, novilhas, bois, éguas e porcos, pelo total de 2:263$500. Em Campanha possuia mais os seguintes bens: a fazenda denominada As Cabeceiras da Mutuca, avaliada em 4:806$000; uma parte no sítio denominado “Vierins” (?), nas Cabeceiras da Mutuca, mais o terreiro, casas de vivenda, paiol e mais benfeitorias, por 280$000; um terreno na Capela da Mutuca, “na frente da ca... do Patrimônio”; um outro terreno na mesma capela, na frente da casa do finado Inácio Batista da Costa; uns chãos no Arraial de Cabo Verde, por 30$000; e 333$000 em dinheiro. O monte mor foi 50:290$740. A viúva desistiu de sua meação a benefício de todos os herdeiros, reservando para si unicamente a terça.
João Vieira Homem também foi possuidor da Fazenda das Cabeceiras da Mutuca, comprada de José da Costa Godinho em 1809.
Numa prestação de contas, existente na Comarca de Caldas, autuada a 8-NOV-1859, apresentada por André Vieira Homem, tendo em vista as disposições do testamento de sua mãe Maria Benedita Engrácia, que foi feito em Cabo Verde, no dia 5-SET-1854, no qual ela declara a filiação e naturalidade, verifica-se que mandou seu testamenteiro passar carta de liberdade a alguns escravos. Desses autos consta que seu corpo “foi deportado em caixão, e involto no Hábito de Nossa Sra . do Monte do Carmo, assim tão bem seo Testementeiro André Vieira Homem em minha presença destribuio pelo póbres no dia de seo funeral a qta. de quarenta mil, na porta da Igra . de S José do Mozambinho”.
Foram pais de:
2-3- MARIA LUÍSA DO CARMO ou MARIA LUÍSA VIEIRA foi batizada na Capela do Espírito Santo da Mutuca, em Campanha, a 8-OUT-1809, tendo como padrinhos: João Inácio Marques Padilha e Maria Josefa do Nascimento. Foi casada com JOÃO GONÇALVES DE BRITO ou JOÃO GONÇALVES AMARO (nº. 5-1, de 4-2, de 3-3, de 2- 2, da FAMÍLIA MENDONÇA COELHO), filho do Alferes Antônio Amaro Gonçalves de Brito e Isabel Inácia de Jesus, com quem teve os seguintes descendentes:
3-1- LUCINDA CÂNDIDA DE BRITO, batizada aos 28- AGO-1825, na Capela da Mutuca, em Campanha, sendo padrinhos: João Vieira Homem e Isabel Inácia. Faleceu em Muzambinho e foi inventariada em Cabo Verde, tendo o processo iniciado a 5-AGO-1853. Casou-se com JOSÉ PEDRO DE MAGALHÃES, filho de Pedro de Alcântara Magalhães e Francisca de Oliveira Machado, deixando a descendência descrita no nº. 3-3, de 2-1, da FAMÍLIA MAGALHÃES.
EXNER GODOY ISOLDI, Maria Celina. Um Antigo Habitante da Região de Cabo Verde (Minas Gerais): Frutuoso Machado Tavares E Silva
SALES DE MAGALHÃES, Otávio Luciano. História de Muzambinho - Pedro de Alcântara Magalhães